Revista Poetizando

15.12.07

Revista Poetizando nº 27 (Edição de Verão)

No entardecer dos dias de verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão.
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...

Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir...

7/5/1914

ALBERTO CAEIRO (FERNANDO PESSOA)
in: Ficções do Interlúdio
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A
UTORES DO MÊS:

DEZEMBRO

SEVERINO PERYLLO DOLIVEIRA,
poeta, ator e artista plástico brasileiro,
nasceu em 4 de dezembro de 1898
na antiga povoação de Cacimba de Dentro,
município de Araruna/PB
e faleceu em 26 de agosto de 1930 em João Pessoa/PB.
Trabalhou em várias companhias artísticas do Nordeste.
Foi um dos iniciantes do movimento literário modernista na Paraíba,
publicando seus primeiros versos na revista Era Nova,
famosa por ter vários escritores consagrados.
Algumas obras: Canções que a Vida me Ensinou (1925),
Caminhos Cheios de Sol (1928), A Voz da Terra (1929).

ESCUDO

Perante olhos estranhos não desnudes
a tua alma – se tens uma alma honesta –
nem pagues com submissas atitudes
os louros que o teu mérito requesta.

Aos que te exalçam gestos e virtudes
louvando a tua vida assaz modesta,
ri, apenas, fazendo que te iludes
e ocultando-lhes tudo o que te resta.

Se a Glória te coroar a fronte insigne
deixa que a turba, em frêmitos, se digne
de te aclamar, porém nunca te esqueças

que, se o ideal por que triunfas for previsto,
esse enorme dragão de mil cabeças
pode fazer de ti um novo Cristo.
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JANEIRO

EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA,
escritor brasileiro,
nasceu em Cantagalo/RJ a 20 de janeiro de 1866
e faleceu no Rio de Janeiro a 15 de agosto de 1909.
Cursou a Escola Politécnica e a Militar,
recebendo influência positivista.
Depois de grave incidente disciplinar foi preso e depois expulso.
Livre, resolveu dedicar-se aos estudos brasileiros,
trocando a carreira militar pela engenharia civil e pelo jornalismo.
Foi colaborador de O Estado de S. Paulo,
através do qual foi correspondente em Canudos/BA.
O assunto das cartas enviadas dali foi fonte de que se valeu,
entre 1898 e 1901, para escrever Os Sertões, sua obra-prima.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras
e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Foi assassinado em crime passional.
Algumas Obras: Os Sertões (1902),
Contrastes e Confrontos (1907), Perus versus Bolívia (1907),
Castro Alves e seu Tempo (1907),
À Margem da História (1909 – obra póstuma).

ONDAS

Correi, rolai, correi - ondas sonoras
Que à luz primeira, dum futuro incerto,
Erguestes-vos assim - trêmulas, canoras,
Sobre o meu peito, um pélago deserto!
Correi... rolai - que, audaz, por entre a treva
Do desânimo atroz - enorme e densa -
Minh'alma um raio arroja e altiva eleva
Uma senda de luz que diz-se - Crença!
Ide pois - não importa que ilusória
Seja a esp'rança que em vós vejo fulgir...
- Escalai o penhasco ásp'ro da Glória...
Rolai, rolai - às plagas do Porvir!

[1883]

in: Ondas e outros poemas esparsos
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FEVEREIRO

VICTOR-MARIE HUGO, escritor francês,
nasceu em Besançon a 26 de fevereiro de 1802
e faleceu em Paris a 22 de maio de 1885.
Poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e orador.
Exerceu grande influência nos escritores ocidentais
especialmente os românticos. Entre seus seguidores,
no Brasil, destaca-se Castro Alves. À partir de 1822 teve extensa
atividade literária tanto como poeta quanto prosador.
Durante sessenta anos de atividade literária
é considerado como o maior da França
e apontado como um dos grandes escritores de todos os tempos.
Foi admirado por Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé.
Desfrutou em vida enorme conceito nacional e internacional.
Seu prestígio decorre de sua vertiginosa riqueza verbal.
Seus romances são uma espécie de poemas épicos em prosa.
Foi um grande orador. Em 1841 é eleito para a Academia Francesa.
Algumas Obras: Odes e Poesias Diversas (1822), Novas Odes (1824),
Cromwell (1827), Marion Delorme (1829), As Orientais (1829),
O Último Dia de um Condenado (1829), Folhas de Outono (1831),
Notre Dame de Paris (1831), O Rei se Diverte (1832),
Lucrécia Borgia (1833), Maria Tudor (1833),
Cantos do Crepúsculo (1835), Vozes Interiores (1837), Ruy Blas (1838),
Luzes e Sombras (1840), Os Castigos (1853), As Contemplações (1856),
Lenda dos Séculos (1859).

CANÇÃO (fragmento)

Mulher, quando em meus braços
Te escuto uma canção,
Não vês nos meus abraços
Profunda comoção?
É que o teu canto à mente
Me traz vida melhor...
Ah!
Cantai continuamente,
Cantai, ó meu amor!

(...)

Tradução: João de Deus
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SERENATA

Composição poética, própria para o canto noturno.
Alguns autores: Catulle Mendés.

SERENATA

A madrugada ria-se em festim,
Tu me chamaste: "vem", e logo vim,
Mais tarde um pouco, "canta" me disseste,
E eu cantei tua graça, alma terrestre.
Mas veio a noite (Ó noite em que me vi!)
Tu me mandaste, "parte" e não parti.

CATULLE MENDÉS
Tradução: Augusto de Lima

CATULLE MENDÉS, poeta, dramaturgo, contista,
romancista e historiador francês,
nasceu em Bordéus em 1841
e faleceu perto de Saint-Germain-en-Laye em 1909.
Fundador da Revista Fantasista, que anunciou o Parnasianismo.
Romântico, sua obra apóia-se num erotismo torturado.
Foi condenado a um mês de prisão e uma multa de 500 francos,
por uma obra considerada imoral.
Teve morte trágica: o seu corpo foi encontrado no túnel ferroviário
de Saint-Germain, a 9 de fevereiro de 1909.
Algumas Obras: A Lenda do Parnaso Contemporâneo (1884),
As Loucuras Amorosas (1877), A Vida e a Morte de um Palhaço (1879),
O Rei Virgem (1881), As Poesias de Catulle Mendés (1892),
Contos Épicos e várias peças teatrais em versos.
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LETRAS

GOSTO QUE ME ENROSCO

Não se deve amar sem ser amado
É melhor morrer crucificado!
Deus nos livre das mulheres de hoje em dia
Desprezam um homem
Só por causa da orgia!

Gosto que me enrosco de ouvir dizer
Que a parte mais fraca é a mulher
Mas o homem com toda a fortaleza
Desce da nobreza e faz o que ela quer!

Dizem que a mulher é parte fraca...
Nisto é que eu não posso acreditar
Entre beijos, e abraços e carinhos...
O homem não tendo
É bem capaz de roubar

Gosto que me enrosco de ouvir dizer
Que a parte mais fraca é a mulher
Mas o homem com toda a fortaleza
Desce da nobreza e faz o que ela quer!

SINHÔ

JOSÉ BARBOSA DA SILVA, mais conhecido como Sinhô,
compositor brasileiro,
nasceu no Rio de Janeiro a 8 de setembro de 1888
e faleceu na mesma cidade a 4 de agosto de 1930.
Foi chamado como "rei do Samba".
Algumas músicas: Pé de Anjo e Fala, meu Louro.
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HERMANOS

PROSIGUE EN EL MISMO ESTADO DE SUS AFECTOS

Amor me ocupa el seso y los sentidos;
absorto estoy en éxtasi amoroso;
no me concede tregua ni reposo
esta guerra civil de los nacidos.

Explayóse el raudal de mis gemidos
por el grande distrito y doloroso
del corazón, en su penar dichoso,
y mis memorias anegó en olvidos.

Todo soy ruinas, todo soy destrozos,
escándalo funesto a los amantes,
que fabrican de lástimas sus gozos.

Los que han de ser, y los que fueron antes,
estudien su salud en mis sollozos,
y envidien mi dolor, si son constantes.

QUEVEDO

FRANCISCO DE QUEVEDO Y VILLEGAS, poeta e prosador espanhol,
nasceu em Madrid a 17 de setembro de 1580
e faleceu em Villanueva de los Infantes a 8 de setembro de 1645.
Poeta lírico profundo e satírico. Deixou vasta produção poética.
Também extensa e diversificada é sua obra em prosa.
Escreveu numerosos textos políticos.
Algumas Obras: Os Sonhos,
História da Vida do Buscón, chamado don Pablos,
exemplo de vagabundos, e espelho de velhacos.
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MULHER

A PENA E O TINTEIRO

Uma pena presumida
de escrever grandes sentenças,
falava das suas obras,
tão sublimes como extensas.

- "Sem mim, disse ela ao tinteiro,
pouca figura farias:
cheio de um licor imundo,
sem mim, triste, que farias?"

O tinteiro injuriado
vazou toda a tinta fora,
e voltou-se para a pena
dizendo-lhe: "Escreva agora."

MARQUESA D’ALORNA

MARQUESA D’ALORNA,
pseudônimo usado por D. Leonor de Almeida e Lencastre,
poetisa portuguesa,
nasceu a 31 de outubro de 1750 em Lisboa,
onde faleceu a 11 de outubro de 1839.
Até os 18 anos viveu em convento,
por determinação do marquês de Pombal,
enquanto o seu pai cumpria pena.
Na clausura estudou ciências naturais, filosofia, literatura,
latim e francês. Tradutora e introdutora em Portugal
dos poetas românticos ingleses e alemães.
Seu outro pseudônimo era Alcipe.
Foi considerada "perigosa" pela polícia.
Seu estilo é neoclássico/pré-romântico. Exprime as "almas sensíveis",
a melancolia e a liberdade.
Obra: Obras Completas (1844 – 6 volumes)
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POETAS PORTUGUESES

NA MÃO DE DEUS

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto,
- Dorme teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

ANTERO DE QUENTAL
in: Os Sonetos Completos

ANTERO TARQÜINIO DE QUENTAL
(Ponta Delgada, Açores – 1842/1893).
Foi considerada a personalidade moral
e intelectual mais completa de sua geração.
Místico, religioso, heróico, viril, social, combativo, político, filosófico.
Um dos pontos altos da poesia reflexiva em Portugal,
um porta-voz de todos os escritores portugueses.
Foi influenciado por Hegel, Proudhon, Victor Hugo, Michelet, Quinet.
Algumas Obras: Odes Modernas (1865),
Causas da Decadência dos Povos Peninsulares (1871),
Primaveras Românticas (1872), Sonetos (1881).
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ERÓTICA

ENCONTRO

O olho caça
na mata
abaixo do umbigo
um abrigo
secreta pátria
a língua avista
bem no centro
do jardim dos pelos
o lugar
caverna
doce e úmida.

ALMANDRADE
Salvador/BA

ANTÔNIO LUIZ M. MACHADO (Almandrade),
Artista Plástico, Arquiteto, Mestre em desenho urbano e Poeta.
Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios
e projetos de instalações no Brasil e no Exterior.
Um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem
da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974.
Participou de várias mostras coletivas.
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FOLK-LORE

EXPRESSÕES POPULARES:

Dizeres ou sentenças breves, que nascem
da experiência do homem em contato com o mundo que o cerca.

Exemplos:

- Dar nó em pingo d’água (fazer algo muito difícil)

- Bicho-de-sete-cabeças (problema muito complicado)

- Fazer com o pé nas costas (fazer algo com facilidade)

- Deixar a peteca cair (desistir, desanimar)

- Dor-de-cotovelo (inveja ou ciúme)

- Matando cachorro a grito (estar em situação difícil)

- Mijar pra trás (desanimar, desistir)

- Ficar com a pulga atrás da orelha (ficar desconfiado)

- Pintar o sete (fazer muita bagunça)

- Maria-vai-com-as-outras (só fazer o que os outros fazem)

- Entrar pelo cano (se dar mal)

- Tomar chá de sumiço (desaparecer, ir embora)

- Tirar água do joelho (fazer xixi)

- Dar um riso amarelo (ficar sem graça)
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LENDAS INDÍGENAS

A LENDA DA NOITE

A lenda da noite veio da região amazônica:
Ela diz que, no princípio, não havia noite, somente dia.
Os animais e todas as coisas falavam.
A filha da Cobra Grande, então casou-se com um moço que,
um dia, quis dormir. Mas a moça disse que não poderia
porque ainda não era noite.
O moço pensou que a noite não existisse e a jovem
disse-lhe que ela estava presa numa semente de tucumã,
com seus encantos e belezas.
A semente estava em poder de seu pai, a Cobra Grande.
O moço chamou seus três servos fiéis
e os mandou à casa da Cobra Grande pedir a noite.
Esta, ao entregar a semente, avisou que não abrissem a tucumã,
porque todas as coisas se perderiam.
Mas, enquanto os três voltavam, escutaram isto dentro do coco:
tem, tem, tem, tem. . . Xiii. . . Xiii. . . Quac. . . Quac. . . Quac. . .
Era o barulho dos sapinhos e dos grilos que cantavam à noite.
Eles resolveram, então, abrir a tucumã,
derretendo o breu que a fechava numa fogueira.
Imediatamente, escureceu e tudo se perdeu.
Como castigo, a Cobra Grande transformou os três em macacos,
identificados pelo povo como aqueles que vivem no Amazonas
e têm boca preta e riscos amarelos nos braços.
Esses riscos seriam o breu derretido que escorreu pelos seus braços.
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FÁBULA

O SAPO E A COBRA
(Fábula africana)

Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido,
fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
- Olá! O que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
- Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando
e deslizando pelo tronco.
E eles subiram.
Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa,
prometendo se encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a pular.
- Obrigado por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isso a você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família Cobra não é gente boa?
Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras.
E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso a você?
- O sapo, meu amigo.
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca
se deu com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e...
bom apetite!
E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou em seu canto.
– Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou:
" Se ele chegar perto, eu pulo e o devoro".
Mas lembrou-se da alegria da véspera
e dos pulos que aprendeu com o sapinho.
Suspirou e deslizou para o mato.
Daquele dia em diante, o sapinho
e a cobrinha não brincaram mais juntos.
Mas ficavam sempre ao sol,
pensando no único dia em que foram amigos.
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NOVOS

DE ESTRADAS & ESTRADAS

as estradas que não percorri,
hoje não me cansam mais

o arrependimento
de não ter seguido por elas
cansou-me ao longo de intermináveis
noites de insônia

o que deixei de fazer,
o que não fui,
tudo o que não amei
e o que me fugiu por entre os medos,
foram fardos de frustrações
que carreguei em ombros calejados
pelas estradas que escolhi

agora,
na encruzilhada do que sou
com aquilo que queria ser
e com o que eu poderia ter sido,
chamo o garçon e peço mais uma dose:
a vida é assim mesmo,
está escrito em algum lugar:
nós nunca vamos,
é ela que nos leva ao seu bel prazer

as estradas que não percorri
foram aquelas que me cansaram mais

ADEMIR ANTONIO BACCA
Bento Gonçalves/RS
in: Plano de Vôo
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DULCE-COR

OS DIAS VIBRAM E BRILHAM
COM TODAS AS CORES

VENTO E CANÇÕES DAS ASAS

AS ABELHAS DANÇAM COM AS FLORES

NATUREZA – CONSÓRCIO FIEL
TRANSFORMA A BELEZA EM SEU ANEL
E RECEBE A DIVINA MENSAGEM

FAVOS GRÁVIDOS DE MEL

CARLOS CASSEL
Caçapava do Sul/RS
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AVE MARIA

Afinal, voou.
Ela, que sempre conviveu
com santos que levitavam
e anjos habitantes das nuvens,
voou também.
Migrou da família religiosa,
dos padres que a freqüentavam,
dos beijos nas mãos obscenas,
das igrejas e roupas escuras.
Numa tarde de sol,
abriu a janela do 8º andar
e voou para a liberdade,
como um pássaro ateu.

MADÔ MARTINS
Santos/SP
in: Doce Destino
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RÉQUIEM PARA UM CORPO UTÓPICO

Nem luto
nem luto por esse corpo morto
objeto hipotético e suposto
posto que morto
antes mesmo de nascer
Nem monstro
nem mostro
sua face às sequiosas carpideiras
Não há disponível qualquer amostra
Mande um fax
de conta
Interpelem-se os escritos de Epicuro
Nem claro
nem obscuro
Encontrado morto ainda na relva
o incorpóreo corpo de um certo futuro

RICARDO ALFAYA
Rio de Janeiro/RJ
in: Rios (Coletânea de Poemas)
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VAZIO

Voam, velozes, vazios,
vagos, volúveis, os ventos.
E vai a vida voando
na vaga verde do tempo.

Ávidas aves vadias
vagam, navegam no vento.
E vão vagindo, vingando
na vaga voraz do tempo.

Alma! ai ave que vacila
na voz uivante dos ventos!
ai nave a vogar vazia
na vaga escura do tempo!

ANDERSON BRAGA HORTA
Brasília/DF
in: Cronoscópio
Civilização Brasileira/Pró-Memória
Instituto Nacional do Livro
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LEGADO

De tudo o que foi meu, talvez me sobre
o trapo de um sorriso à flor da boca.
Ou nos meus olhos, sob a esfera oca,
o véu de sombras com que a luz se cobre.

Talvez me reste uma vontade louca
de ouvir os gritos de um tristonho dobre
vindo da torre de uma igreja pobre,
a repetir-me o quanto a vida é pouca.

Meu próprio Eu talvez me legue a mim
um gosto amargo de ilusão nos lábios
e ossos do sonho em cujo rastro eu vim.

Talvez me sobrem do meu estro em brasas
versos sem nexo e sem final... acabe-os
um par de pássaros rimando as asas.

SÉRGIO BERNARDO
Nova Friburgo/RJ
in: Caverna dos Signos
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SONETO HUMANISTA

Em tudo que é regime socialista
há pena capital e lei sumária.
Estranho é, pois, que a esquerda libertária
em defender bandidos tanto insista.

Não é direito humano. Qual a pista?
Só sabotagem, tática primária
de anarquizar a ordem, já precária,
duma democracia pluralista.

A esquerda quer aqui o que não fará
na hora em que tiver poder na mão.
Pena de morte, então, não será má.

Impunidade aqui; lá, paredão.
Dois pesos, duas medidas, lá e cá.
Assim é que se faz revolução!

GLAUCO MATTOSO
São Paulo/SP
in: Paulisséia Ilhada – Sonetos Tópicos
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SONHOS E PARDAIS

Somente de horas alegres
São feitos os dias da infância.

Florisvaldo Matos

Os pardais pousam sonhos e paisagens
no meu quintal.

Quintal solar de águas frescas,
carambolas maduras vestindo o chão,
goiabeiras vermelhas evocando desejos.

No meu quintal pousam paisagens e pardais
sonhos vindos do oriente
pergaminhos e epigramas samurais.

CLEBERTON SANTOS
Feira de Santana/BA
in: Lucidez Silenciosa
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ESPERA

Mudo
o telefone
me observa
na sala escura

Sem cura
o coração
coleciona
perfumes distantes.

A mão treme
o corpo
sintoniza
pele
beijos
auroras.

Uma lágrima
desponta
nos olhos.
Madura.

RICARDO MAINIERI
Porto Alegre/RS
in: A Travessia dos Espelhos
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NORMAIS

As pessoas normais
Jogam buraco na saleta
Com gente explodindo na tela
As pessoas normais
Tomam sucos vermelhos nos copos
Sem suspeitarem jamais
De sua co-autoria As pessoas normais
Passivas, folheiam corpos
Amontoados em fios de sangue
E comem seus hambúrgueres
Recheados de mostarda e catchup
As pessoas normais
Riem do nada
Lavando suas mãos como Pilatos.
Os loucos? Ah! Os loucos!
Estão presos nos pavilhões
E nada sabem...
As pessoas normais...

TERESINHA TADEU
(1941 – 2001)
Santos/SP
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É PRECISO NO VERSO SURPREENDER...

Só com palavras não se faz poesia,
É preciso no verso surpreender,
Conversar com o mundo todo dia,
Chorar, sorrir, mas sobretudo crer.

Como faz o artesão com a gema bruta,
Fazer poesia é lapidar a vida,
Não é prazer, é sina, é cicuta
Envenenando a quem lhe dá guarida.

Poesia não se faz de imediato,
Nem é palco futuro de sucessos;
Exige muita teima, muito tato...

Esculpindo venturas e tropeços,
Ser poeta é restar no anonimato
Arrastando a alma nos degraus dos versos!...

LUIZ ANTÔNIO MARTINS PIMENTA
(1942 – 2004)
Santos/SP
in: Antologia Poética
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Do alto da noite serrana
Estou vazio e invoco meus amigos:
Responde o gemido das ondas
Da minha terra abandonada.
Ficaram todos.
Alguns sob a areia, outros sobre os bancos.
Por entre os meio-fios das ruas que desbravamos
Havia as noites frescas e os dias ensolarados.

Resta em mim o cheiro de dama-da-noite
Os prédios tristes e mudos da orla
E o toque salgado do vento.

Meus amigos preenchem-me o centro do espirito,
Pois trazem consigo o som do motor das balsas.
A fumaça do diesel, o vulto dos peixes podres,
As pedras esperançosas lançadas
Contra o oceano na noite escura.

Meus amigos arrastaram-me
À eterna condenação de ser poeta
Com seus sorrisos de bondade,
Suas mãos de infinita leveza,
Seus olhos de úmida amizade,
Que hoje tanto me faltam.

Ainda lá permanecem, eu sei.
Guardam minha distante casa,
Correndo pela mesma praia
Atrás de seus filhos e do tempo.
Mas guardam meu lugar até que eu volte
E preenchem meu peito vago de menino
Com a gratidão que eu trago inseparável
Por terem sido meus para sempre.

BENILSON TONIOLO
Campos do Jordão/SP
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O AR DO MAR

o
ar
do
mar
que
me
estava
a
dar
na
cara

foi
um
ar
que
me
deu.

FERNANDO AGUIAR
Lisboa/Portugal
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ROTEIRO PARA MAIS UM DIA
(DE NATAL) NA CIDADE GRANDE

Amanheceu sobre a cidade
e no entanto
nada de novo aconteceu
de fato
nas mesas de uns é a mesma alegria
a vida se baseia em Coca-Cola
jeans, motocas. hot-dog e mixto-quente
e a mesa de quem vive ao avesso
é feita de crianças comendo
o pão que o diabo amassou...

Entardeceu sobre a cidade
nas praias de Copacabana
Búzios, Ipanema
biquínis enfeitam os olhos
de quem tapa o sol com a peneira
no outro extremo
crianças peladas, sobrevivem barrigudas
e solitárias...

Anoiteceu sobre a cidade
e as estrelas mais parecem enfeites no céu
visto da janela do 8º. andar do edifício de luxo
às 0:00 horas na Missa do Galo
muitos agradecem ao Senhor pela ceia nossa
de cada dia
em outras paragens
pastores aproveitam para gigolar Deus...

Mas hoje é Natal
tudo normal, nada de mal:
- Rezemos!

ROGÉRIO SALGADO
Belo Horizonte/MG
in: Exalando Cheiro de Lua Nova
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DEPOIS plantou-se feno
e nunca mais nasceu
outro berço de feno

Depois plantou-se trigo
(Quantos trigais maduros
tremem de fome e frio!)

Depois falou-se tanto
que as estrelas fugiram
e os montes se abaixaram

E nos lençóis de linho
(outrora foram linho)
outros corpos ficaram.

ANDERSON DE ARAÚJO HORTA
(1906 – 1985)
Brasília/DF
in: Invenção do Espanto
Edições Galo Branco
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ainda é quase noite e não dormi
olho lá fora e vejo uma aurora gris
quase chove e ainda não há sol
não sei se o que me sinto é ser feliz
ou se não sei se sonho ou não dormi
o que dá no mesmo se me invento
porque a verdade é também mentir
nesse dia quase ainda noite nessa aurora gris
não me importa o tanto nem o todo
tenho aqui tudo que sempre ou nunca quis

EUNICE MENDES
Santos/SP
in: Aurora Gris
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ODE

O verso estava na calçada.
O poeta não achou.
Estava escrito nele
que a vida é assim...
Um vai e vem constante
ou amor dilacerante
nos olhos de algum coração.
Estava escrito
que o amor dos mal amados,
deve sempre ser aproveitado,
deve ter a mesma ação.
Estava escrito
que alguém passou pela vida
e viveu só, em despedida,
partiu e não foi feliz;
nunca foi amado,
seu coração ficou petrificado...
Isso o verso diz...
E o poeta passou e não leu...

WALMOR DARIO SANTOS COLMENERO
São Vicente/SP
in: Tributo Vivo
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METAMORFOSES

Semi analfabeto em país de analfabetos vira professor;
Curioso em país de ignorantes vira doutor;
Bandido em país de criminosos ganha cem anos de perdão;
Política no país dos mensalões vira profissão;
Vendedora no país do consumo vira rainha;
Drogas em país sem lei é farinha;
Travesti no país da mentira vira mulher;
Espoliação em país sem governo vira imposto;
Emprego no país da informalidade vira exploração;
Favela no país do turismo sexual vira ponto turístico;
Assentamento no país do latifúndio vira invasão;
Alimentação em país de esfomeados vira plano de governo;
Esporte no país do despreparo vira comércio;
Violência no país da injustiça vira espetáculo;
Teatro no país das concessões vira shopping center;
Seção de senado em país de espectadores vira programa de auditório;
Jornalismo no país da alienação vira fuxico;
Malha ferroviária no país das transportadoras vira sucata;
Música em país sem harmonia vira batuque;
Impunidade no país do jeitinho vira imunidade;
Habitação no país dos sem teto vira sonho;
Lixo no país do desperdício vira comida;
Cesta básica em país de desempregados vira prêmio;
Férias anuais no país das terceirizações viram privilégio;
Rio em país de merda vira esgoto;
Quer mais? Leia os jornais...

LEANDRO LUIZ RODRIGUES
Santos/SP
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LIÇÕES DE CASA

- Meu pai, o que é Deus?

Deus? É quem manda baixinho
gostar de basquete

É quem manda um dia
depois do outro e no meio
todas essas estrelas

Deus é quem faz as flores
e também põe no cemitério
a alegria dos coveiros

É quem manda existir paisagens
e essa indústria de sóis nascentes

Deus é o piloto mais experiente
com tantas rotas pra tantas viagens

Deus é quem pára a chuva
se compro guarda-chuva
e é Deus que faz chover
se o guarda-chuva esqueço

Deus é quem me ampara
e ri do meu tropeço
e umas coisas me esconde
outras diz na cara

Deus? É enfim quem faz
a vida desse jeito
sem pé nem cabeça
do começo ao fim perfeita
porque é assim

DOMINGOS PELLEGRINI
Londrina/PR
in: O Tempero do Tempo
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PONTO FINAL

Caminho pela margem esquerda
do rio da Vida...
conto, compassadamente,
os passos que dou
e vou
rumo ao mar onde deságua
a mágoa
do sou, não sou.
Conto, vagarosamente,
as pedras do caminho:
algumas deixo de lado
e carrego outras como um fardo
fruto amargo
das sementes que plantei...
E fico admirada. Nem sei
como o fiz
e qual o juiz
tão justo em sua sentença
que faz minha consciência
avaliar meu trajeto
nesse rio tão incerto
que deságua
no tranqüilo mar aberto
onde serei, afinal,
um breve ponto final.

NEIVA PAVESI
Santos/SP
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DESTINO

Busco sempre a poesia,
como a luz do sol
atrás do dia.

Alinhavo palavras e rimas
para tecer os meus versos
- dentro e fora de meu ser.

Minha alma se enaltece
e cada linha que traço
leva um pedaço de mim.

Pronta a composição,
recomeço a minha lida.
Afinal, sem o meu canto,
talvez nem tivesse vida.

REGINA ALONSO
Santos/SP
___________

HAICAIS

Casa mutante
caracol amanhece
feliz da vida.
***
Na mata virgem
suinã camuflada
ninguém percebeu.
***
Na serra deserta
alegre piquenique
lanches e doces.

MARIO AZEVEDO ALEXANDRE
São Vicente/SP
in: São Vicente – Pétala do Oriente
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SE DÁ PARA COMPLICAR, POR QUE SIMPLIFICAR?

Saiu do INSS aborrecida, porque o médico lhe recomendara RPG,
por causa da coluna. Perto da CPFL olhou na bolsa
e viu que trazia o RG e o CIC. Ainda bem,
pois iria ao BCN tentar receber o FGTS, para poder pagar o IPTU,
o ISS e o ICM, que estavam em atraso.
No HSBC pagaria a prestação do CDHU. Pior mesmo era essa tal de CPMF.
Que absurdo! Quem teria inventado: o FHC ou o ACM?
Bom, esqueceu o assunto e pegou um ônibus da CSTC que tinha FM,
se bem que preferia o AM da CBN,
porque assim ela saberia as novas do MST
e os comentários do PT a respeito.
Desceu em frente ao IBGE, a um quarteirão do CCBEU e,
na banca de jornais leu um artigo sobre a CPI do PC,
outro sobre a OTAN e soube o que acontecia na OEA.
Esses americanos!... No oriente outra notícia:
a OPEP aumentava o preço do combustível.
No outro jornal leu que era tempo de receber o PIS.
Iria saber direitinho sobre isso.
Leu também as decisões do BNDES à frente do dólar.
Este ano o PIB estava lá em cima. Que bom!
Atravessou a rua para comprar um CD e um DVD do KLB.
"Puxa vida! Esses meninos cantam super bem".
Nisso foi atropelada por um BMW. Chamaram um PM que fez um B.O.
(contra a vontade). Depois ela iria à DP reclamar do PM
e quem sabe até mandaria um e-mail para o STJ.
Acabou por relevar e voltou para casa.
Ligou a TV, deitou-se no sofá e viu um programa no SBT
e depois outro na VTV.
Que dia aquele! Foi pior do que quando está na TPM. Pode?

DEISE DOMINGUES GIANNINI
São Vicente/SP
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EU E O MAR...

Manso o mar beija a areia
Docemente a idéia clareia,
A branca espuma pelo ar salpica
No rosto um bom gosto de sal,
A onda nos pés descalços
Leva longe o desgosto vacilante,
Que vem... e que vai...
/na maré replicante...
O esplendor do sol na água purpurina
Reflete o apogeu do amor celebrado
Em claras noites de beleza celestina
Ah! a paz que traz o mar poente...
E seu marulhar nas manhãs quentes
Faz a gente ser de tudo capaz!
Quando contemplo o mar
O passado lembro em instantes
Mas deixo ir no horizonte distante,
Quando no mar mergulho
Me entrego às ondas balouçantes
E com um suspiro me alivio dos entulhos,
Embalada pelo canto das sereias
Desfruto a intimidade das baleias
No reino azul da corte de Netuno...
Ato bem o amor que quis a um gatuno
A tesouros ocultos no fundo das águas,
E só quero dançar com o mar opalino
-Único a dar à minha mágoa trégua-
Enlaço meu príncipe submarino
E diluo mágoas de uma trajetória torta
Na alegria de saber que não estou morta,
Depois de afogar medos e segredos,
Serei noiva amada e fiel,
Surfarei em vagalhões de mel,
Ah! Vou já me casar com o mar!

NEUSA MARIA CONFORTI SLEIMAN
Santos/SP
________

NOTA:

No dia 14 de DEZEMBRO
houve o lançamento do livro de poemas:
AURORA GRIS
de Eunice Mendes
na Aliança Francesa de Santos

Eis aqui alguns poemas do livro:

***

meu olhar busca um ninho
como pássaro
que perdeu o espaço

seu vôo é nítido
seu pouso é vário

nada altera na paisagem
enquanto o vento vibra
na vidraça
seu ritmo
é quase vidro
e se estilhaça
meu olhar é presa fácil

onde pousa encontra um tiro

***

meu olhar
prelúdio de avessos
sobre a matéria
parece pousar ausência

longe porém
sobrevoa essências
atravessa paredes
costura redes

de corpo e alma
emenda fins e começos

***

na natureza
nada agride
tudo em suspenso
é repouso

nada me aflige
não penso, pouso

________________

DICAS DE LEITURA

AGOSTINA SASAOKA:
www.gargantadaserpente.com

GLAUCO MATTOSO:
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RICARDO MAINIERI:
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RICARDO ALFAYA:
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IRACEMA ANANIAS:
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REVISTA POÉTICA:
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SERGIO ANTUNES:
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LEANDRO LUIZ RODRIGUES
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